CAIXA PRETA
CAIXA PRETA
Não importa qual seja a verdade, as pessoas vêem o que querem ver. Algumas pessoas podem dar um passo para trás e descobrirem que estavam olhando a mesma cena por todo o tempo. Algumas pessoas podem ver que suas mentiras quase acabaram com elas. Algumas pessoas podem ver o que estava na sua frente o tempo todo. E ainda há aquelas pessoas que correm o máximo que podem para não terem que olhar para si mesmas!
sábado, 10 de março de 2012
Vitrola quebrada
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
O sol no teu caminho que parece te guiar, te iluminar, pode acabar te queimando. A pior das queimaduras. Imperceptíveis, silenciosas, com calor de aconchego.
Nas cidades vazias, os muros caídos, as defesas desarmadas, é o sossego tolhedor. Depois de cada dia tudo parece ser mais intenso, mais nocivo, mais doído.
E dói... como se fosse a primeira vez, pior, como se fosse a última vez. De tristeza, de frustração o raiar parece mais pesado, então o amanhecer arrastado me deixa penosa no que deveria ser confortante.
Ser-se-ia assim, porque me deixou sorrir...
O abrigo então mascarado de masmorra arranca dos meus olhos a rotina vivida de solidão, fazendo poço o que posso guardar. Depois de tanto caminhar, os pés calejados correm sempre rumo ao horizonte, ainda que distante, sem perceber que a dormência do trajeto deixam marcas sangrentas.
No luar, o esfriar da alma deixa inquieto o coração cargado, insensível ao vento que passa como que para sarar a lepra da convivência, o tolerar de cada rancor e conveniência.
Os mesmos pés seguem o mesmo sol, pelo mesmo caminho, rumo ao amanhecer. Esquece vento, esquece alento, esquece lar. Que seja assim enquanto a estrada está aberta, enquanto teus olhos raiarem em mim e o crepúsculo ainda sossegar as tempestades do deserto.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Tricotando a infância
Cansei de olhar o vazio e fingir que me prenchia. Olhar as pessoas fingindo que se importam, fingindo que vivem.
As gotas caêm quebradas em meio ao vão. Ninguém vê.
No sorriso torto, a sombra da alegria que fora, e gestos tragicamente gregos do que restou. Crescer, também traz perdas.
Ponto a ponto se desfez. E de ponta a ponta a saudade.
Em que ser feliz era naturalmente simples. Quando o vento falava e eu fingia que ouvia.
Quando a chuva tinha o poder de lavar a alma, então fechava os olhos pra sentir mais intensamente, como que querendo também dizer algo.
Em aventuras descompassadas, em que podia ser grande sendo eu mesma. Tempos em que o pôr-do-sol tinha aquela magia de desconhecido.
Nas linhas da Infância me refaço, me reinvento pra sobreviver.
Me esqueço, pra tentar me lembrar de fato o que fui, o que sonhei, e o que sou.
Me redescubro forte, independente, destemida, livre, CRIANÇA.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
pensador.uol.com.brMETADEQue a força do medo que tenhoNão me impeça de ver o que anseio;Que a morte de tudo em que acreditoNão me tape os ouvidos e a boca;Porque metade de mim é o que eu grito,Mas a outra metade é silêncio...Que a música que eu ouço ao longeSeja linda, ainda que tristeza;Que a mulher que eu amo seja pra sempre amadaMesmo que distante;Porque metade de mim é partidaMas a outra metade é saudade...Que as palavras que eu faloNão sejam ouvidas como preceE nem repetidas com fervor,Apenas respeitadas como a única coisa que restaA um homem inundado de sentimentos;Porque metade de mim é o que ouçoMas a outra metade é o que calo...Que essa minha vontade de ir emboraSe transforme na calma e na paz que eu mereço;E que essa tensão que me corrói por dentroSeja um dia recompensada;Porque metade de mim é o que pensoMas a outra metade é um vulcão...Que o medo da solidão se afasteE que o convívio comigo mesmoSe torne ao menos suportável;Que o espelho reflita em meu rostoUm doce sorriso que me lembro ter dado na infância;Porque metade de mim é a lembrança do que fui,A outra metade eu não sei...Que não seja preciso mais do que uma simples alegriapara me fazer aquietar o espíritoE que o teu silêncio me fale cada vez mais;Porque metade de mim é abrigoMas a outra metade é cansaço...Que a arte nos aponte uma respostaMesmo que ela não saibaE que ninguém a tente complicarPorque é preciso simplicidade para faze-la florescer;Porque metade de mim é platéiaE a outra metade é canção...E que a minha loucura seja perdoadaPorque metade de mim é amorE a outra metade... também.Oswaldo Montenegro
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Lembranças, cobranças, vinganças
Como a dor que fere o peito, isso vai passar também.
E todo o medo, o desespero e a legria
E a tempestade, falsidade e a calmaria
E os teus espinhos e o frio que eu sinto
Isso vai passar também
Saudades, vaidades, verdades
Coragem, miragens e a imagem
No espelho como a dor que fere o peito
Isso vai passar também
E todo o medo, o desespero e a alegria
E a tempestade, falsidade e a calmaria
E os seus éspinhos e o frio que eu sinto
Isso vai passar também, logo.
Descobrir que viver só, é possível, mas num mundo sem verdades.
O cansaço só deixa mais profundas as cicatrizes de cada lágrima e acabamos esquecendo o que queríamos tanto lembrar.
Depois de tanto insistir, depois de quase desistir...Ousar já não importa mais, ouvir nem conseguimos mais e lembrar nunca doeu tanto. Os mesmos sonhos afloram à tona vestidos de pesadelos e nos submergem como se estivessem nos salvando.
O horizonte ainda está ali, ainda posso vê-lo, mas ja não me permito ultrapassar, os pés cansados demais para insistir, a alma longe ja não quer resistir; e desfaleço ao ver que não são os horizontes, são as miragens.
A mesma água nos olhos é a que vem lavar dentro e fora, descobri que o que faz parar também joga no abismo, ou você enfrenta os horizontes ou cairá definitivamente.
Voando ou correndo, saindo da partida ou do recomeço, não importa. O que importa é onde você irá chegar.
AMÁRIA MIRANDA